Férias no Algarve  
MESSINES (1 casa)
MESSINES (1 casa)

São Bartolomeu de Messines
Situada num longo e fértil vale, mantém em algumas ruas, como a do Remexido, o pitoresco de uma povoação algarvia. Local de nascimento do poeta João de Deus (1830-1896), autor da Cartilha Maternal, método de aprendizagem das primeiras letras largamente utilizado no final do séc. XIX e no início do séc. XX. Placas assinalam as duas casas onde viveu.

Igreja Matriz
Ao edifício construído no séc. XVI, na transição do estilo manuelino para o renascentista, foi, no início do séc. XVIII, adicionada uma fachada barroca de grande efeito cénico, pelo contraste entre o branco das paredes e as cantarias em grés vermelho, realçado pelo espaçoso adro com escadório e entrada formada por pilastras.
Interior de três naves com arcos redondos, suportados por colunas salomónicas. 0 arco triunfal da capela-mor tem colunas tríplices não torcidas. Retábulo em talha dourada (séc. XVIII).
As duas capelas colaterais têm abóbadas artesoadas manuelinas, enquanto as capelas laterais revelam já o estilo renascença nos seus arcos. Os retábulos de talha dourada (séc. XVIII) são de boa feitura, merecendo especial atenção os frontais policromos em  baixo-relevo, de decoração marcadamente barroca. No topo das naves laterais, dois painéis de azulejos policromos do séc. XVII, representando a Eucaristia e a Nossa Senhora da Conceição. Do mesmo século são os azulejos que revestem as faces interiores de três altares laterais.
0 elegante púlpito, executado com mármores da região, é uma pequena obra-prima do barroco (início do séc. XVIII). Nos mesmos mármores, outras peças de mobiliário sacro, como a mesa e a pia de água benta.
A igreja detém, ainda, um valioso conjunto de imagens dos sécs. XVI a XVIII, com destaque para as dedicadas à Virgem: Nossas Senhoras da Conceição, da Glória e da Saúde.
Algumas ermidas ao gosto rural evocam devoções antigas: São Sebastião, dentro da povoação, e em pequenos outeiros circundantes Santa Ana, São Pedro e Senhora da Saúde, que numa das paredes tem uma cruz feita com azulejos policromos do séc. XVII.

À Descoberta de Menires
A área de São Bartolomeu de Messines é rica em vestígios do passado. Entre eles contam-se os menires, testemunhos da cultura megalítica (IV-III milénios a.C.) no Algarve, como o de Monte de Alfarrobeira, convertido em estela decorada na idade do Bronze, e os do Cerro da Vilarinha, dos Gregórios e de Abutiais, que se encontram tombados. Do mesmo período é o santuário da Rocha, em Vale Fuseiros, constituído por pequenas covas abertas na rocha e com uma extensão de quase 100 metros.

Algoz
0 verde dos laranjais, das figueiras e das amendoeiras rodeia a povoação que ainda mantém algumas casas antigas, bonitas chaminés rendilhadas e humildes ermidas de paredes brancas.

Igreja Matriz
Com a arquitectura singela do séc. XVIII, tem no seu interior pequenos tesouros de arte. Os azulejos do séc. XVII, que revestem as paredes e a abóbada do baptistério, de grande efeito decorativo. O retábulo de talha dourada da capela do Santíssimo, ao gosto "rocaille", e os retábulos dos dois altares colaterais (séc. XVIII). E as imagens, com destaque para dois Cristos processionais vestidos com saiote.

Celeiro do Monte da Piedade
Pertenceu à antiga associação mutualista que apoiava os seus membros através de empréstimos. 0 portal é, possivelmente, um aproveitamento de cantarias do séc. XVI. A fachada, além da placa que refere a data de 1704, contém um decorativo óculo e uma cruz feita com azulejos policromos de padrão (séc. XVIII).

Ermida de Nossa Senhora do Pilar
Situada no alto de uma colina, é um bom miradouro das paisagens em redor. 0 conjunto do pequeno altar surpreende pela harmonia conseguida entre o retábulo de talha, o frontal e os azulejos (início do séc. XVIII). Arco triunfal com pinturas decorativas, emoldurando passos da Paixão de Cristo (séc. XVIII).

Alcantarilha
A igreja domina, com as suas paredes caiadas, a povoação que se espraia cenicamente pela colina.

Igreja Matriz
Do edifício primitivo do séc. XVI apenas resta a capela-mor manuelina, à qual foi adicionado um retábulo de talha dourada do séc. XVIII. Capela baptismal com silhar de azulejos (séc. XVII). Na sacristia, um valioso arcaz encimado por nicho decorado com folhagens de acanto (séc. XVIII).
Anexa à igreja, uma Capela dos Ossos, com cerca de 1.500 caveiras revestindo as paredes e tecto.

Igreja da Misericórdia
Exteriormente singela. No interior, merecem ser vistos a imagem, o retábulo de talha dourada do altar e as bandeiras utilizadas em procissões (séc. XVIII).

Castelo
De origem medieval, tinha como missão defender a população de Alcantarilha e as povoações em redor dos ataques dos piratas mouros. Reconstruído nos sécs. XVI/XVII, está actualmente em ruínas.

Pêra
Em volta da igreja, muitas das ruas conservam as casas tipicamente algarvias, de paredes caiadas e platibandas decoradas.

Igreja Matriz
Exteriormente sem valor arquitectónico. A talha dourada da capela-mor, das capelas colaterais e das capelas de Nossa Senhora do Rosário e do Sagrado Coração de Jesus constituem um conjunto de retábulos representativos da arte algarvia da época (séc. XVIII). Paredes laterais da capela-mor revestidas com azulejos, representando os Quatro Evangelistas enquadrados por molduras barrocas e, na abóbada, azulejos de figura avulsa (séc. XVIII). Núcleo de imagens da mesma época.
Do tesouro sacro fazem parte paramentos e uma custódia de prata de bom lavor.
0 adro da igreja é um excelente miradouro sobre os campos e o mar.

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco
A arquitectura pobre da fachada oculta uma capela-mor com um retábulo de talha de bom desenho, evidenciado nas colunas e no sacrário (início do séc. XVIII). Mais tardias, e ao gosto "rocaille", as decorações das paredes, dos tectos e a talha do baldaquino da tribuna. Telas do pintor algarvio Rasquinho (sécs. XVIII/XIX).

Uma Larga e Bonita Praia
Armação de Pêra foi, durante séculos, um povoado de pescadores atraídos pela abundância de peixe, sobretudo atum e sardinha, que depois de salgado era vendido no sul e centro do país.
Para sua defesa contra os ataques dos piratas e corsários, foi erguida no séc. XVII, por iniciativa de um próspero proprietário de barcos e artes de pesca, a pequena fortaleza de que resta um dos muros com portal encimado pelas armas reais, numa pequena elevação sobranceira ao mar. Data de igual período a capela no seu interior, dedicada a Santo António.
A Armação de Pêra de hoje mantém a tipicidade das fainas de pesca na praia dos Pescadores. Mas são os turistas, atraídos pelo extenso areal e águas cálidas, que lhe dão uma vida cosmopolita, animada e colorida.

Entre Pomares e Serras
O vasto triângulo definido por Silves, São Bartolomeu de Messines e Armação de Pêra é terra de pomares e hortas, de pequenas povoações com casas caiadas de janelas e portas debruadas a azul. Percorrê-la, é a oportunidade de apreciar o colorido dos laranjais, o rosado das romãs, o verde pálido das amendoeiras, as formas dramáticas das figueiras rentes ao chão e as grandes copas das alfarrobeiras.
Para norte, são as serras de formas redondas como seixos rolados, cobertas de uma vegetação tipicamente mediterrânica, em que estão presentes sobreiros, medronheiros, azinheiras, estevas e urzes. Além de muitas espécies de uma flora diversificada, interessante do ponto de vista botânico, afeita aos solos pobres de xisto e ao clima.
Nesta paisagem feita de sol sente-se a frescura das barragens do Arade e do Funcho, enquanto o casario branco de povoações rompe o quase deserto das serranias.
Todo este espaço é habitado por uma fauna variada que tem nas aves o seu principal atractivo, com cerca de oitenta espécies nidificadas. Facto que torna a serra num ponto de observação privilegiado de aves, como o açor, o gavião, o pombo torcaz, os pica-paus, as canoras cotovias, os melros, os rouxinóis e os pintassilgos.

Artesanato de Todos os Tempos
As finas rendas de bilros que uma artesã produz em Silves, tal como os trabalhos de empreita e esparto que ainda ocupam as mulheres das pequenas povoações espalhadas pelo concelho, são exemplo das antigas técnicas e tradições que se mantêm vivas nos nossos dias.
Mais ao gosto dos tempos actuais são os azulejos, as peças de cerâmica, as pequenas miniaturas de típicas casas algarvias, as colchas e as almofadas, feitas com coloridos retalhos de pano produzidos em Silves. E também as jóias e outros objectos decorativos realizados na aldeia serrana de São Marcos da Serra.

Os Prazeres da Mesa
À beira-mar, é o peixe acabado de pescar pelos barcos de proas coloridas que faz as honras da mesa. Sardinhas, carapaus, sargos, robalos e muitos outros peixes deliciam quem gosta de grelhados. O marisco, da lagosta ao camarão e à amêijoa, também não falta. E quem gosta de receitas típicas dos pescadores delicia-se com a caldeirada à tia Chica, as sardinhas albardadas e os carapaus alimados.
Mais para o interior, a cozinha tem outros sabores, como as papas de milho ou as fatias de Barrocal, feitas com sumo de laranja e carne de porco.
Nos doces têm fama os morgados de Silves, decorados com folhas e flores de açúcar, as lesmas, recheadas como ovos-moles, e os folhados de Messines.
Para completar a refeição, não podem faltar as doces laranjas e tangerinas, o rubi das romãs, as uvas e os figos produzidos no fértil pomar que é grande parte do concelho de Silves. E também o mel, com sabor a alecrim e rosmaninho, e a aguardente de medronho dos povoados serranos.